Deus é Fantástico!
Israel Batista de Carvalho - Padre Israel
Padre Israel Batista de Carvalho, o Padre Israel da Fazendinha "Senhor Jesus de Lavras", instituição que tem como objetivo recuperar dependentes químicos e reintegrá-los à sociedade. Padre Israel ofereceu a sua vida constantemente em favor do próximo, amparando aqueles que muitas vezes eram excluídos e marginalizados.
Lavras é uma cidade privilegiada, dotada de mártires e santos, de heróis e de pessoas que se imortalizaram pelos feitos em prol da sociedade: Padre José Bento, Padre João Prost, Padre Valério Cardoso, Irma Benigna (em processo de beatificação), Madre Júlia e tantos outros religiosos, bem como leigos e leigas cujos nomes não podemos citar devido à exiguidade do espaço. E a galeria dos santos agora se enriquece ainda mais, e se ilumina com o sorriso sereno e acolhedor de um mártir, que doou seu sangue, literalmente até a última gota, aos "'filhos" do coração.
A comoção que seu passamento provocou não só no povo de Lavras e região, mas também em pessoas vindas de tão longe, constitui a prova inequívoca de que ficamos órfãos de uma pessoa entre as mais especiais com que Deus nos presenteou. Nos meus 39 anos vividos em Lavras, jamais presenciei funeral tão concorrido e emocionante como o do nosso querido "Padre da Fazendinha". Até mesmo pessoas de outros credos fizeram questão de adentrar a Igreja Matriz de Sant'Ana, para se sentir perto mais uma vez deste santo de nossos dias, desta luz de nossas noites, deste companheiro sempre presente em nossas solidões.
Sua "passagem" para a outra vida veio preparar nossos corações para reviverem "ao vivo" a páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, permitindo-nos começar mais cedo as celebrações da Semana Santa. Quem passou a vida fazendo o bem. quem carregou qual Cireneu o peso da cruz da pior das dependências de seus "filhos preferenciais", quem bebeu com tanto amor e fé o cálice da amargura de uma doença tão cruel quanto injusta, quem tanto padeceu sob os açoites da incompreensão, da ingratidão e da discriminação, só poderia morrer como Jesus, e fazer coincidir sua páscoa com a do Cordeiro de Deus.
Mas quando, ao terceiro dia, sua uma foi elevada aos ombros dos colegas sacerdotes, sob os aplausos da comovida assembleia que se apertava entre as paredes do templo de Sant'Ana, naquele momento meu coração despedaçado se recompôs, e minhas lágrimas se transformaram em luz para permitirem aos meus olhos contemplarem, ao vivo, o fenômeno da ressurreição. Eu vi as portas dos céus se abrirem para acolher aquele herói que, como Maria, parecia subir de corpo e alma para o reino dos justos.
Padre Israel, lamentamos não poder mais contar com o pára-raios de sua presença física e transformadora a distribuir paz, conforto e esperança, mas você não morreu; apenas se deixou plantar qual semente no chão santificado por seus próprios pés. Que Deus nos permita degustar, juntamente com Padre Antônio, seu sucessor a quem acolhemos com o mesmo amor, os frutos desta semente bendita, frutos estes que hão de garantir a sobrevivência do patrimônio de esperança que você soube construir, e ninguém saberá destruir.
Estamos a um mês de seu desenlace, e quando a saudade tanto insiste em alfinetar-me o coração, eu me consolo rememorando seu triunfo, celebrado com tantos "vivas" e ovações, e, no êxtase que me transporta ao pódio de seu eterno prêmio, eu me desabafo com as palavras de São Paulo, inspirado pelo Profeta Oséias: "ó morte onde está a tua vitória"?
Por: Geraldo Alves de Souza
Ora et Labora
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